Na tentativa de superar o impasse provocado pela recusa dos mantenedores em repor a defasagem salarial nos salários dos professores e auxiliares de administração escolar, a comissão dos Sindicatos, coordenada pela Fepesp, propôs na rodada de negociação da campanha salarial 2022 do Ensino Superior nesta quarta, 25/05, a discussão de duas questões, ambas contidas na pauta de reivindicações apresentada e também recusada, em princípio: a duração da Convenção Coletiva e as condições do trabalho docente.
O patronal do ensino superior gerou um impasse nas negociações ao insistir em reajuste salarial inaceitável (4% agora e 2% em janeiro de 2023, diante de uma inflação de 10,57% de março de 2021 a fevereiro de 2022), com um abono salarial de 30% de outubro que, no final das contas, não se incorpora aos salários.
Desvalorização de profissionais da educação – O argumento apresentado pelos representantes sindicais é o de que, estranhamente, as Instituições de Ensino Superior, ‘empresas prestadoras de serviços’ (na linguagem patronal) desvalorizam o que deveria ser seu principal ativo: professores e funcionários administrativos que, ao fim e ao cabo, são os principais agentes de atração e fidelização dos alunos.
As condições de trabalho que devem ser discutidas, nesse contexto, incluem alterações na matriz curricular, que acarretam redução no número de aulas; aumento do número de alunos em salas presenciais e virtuais de aula; ensalamentos, em que algoritmos de maximização de espaço são utilizados para colocar numa mesma sala (ensalar) alunos de períodos, campi e até de cursos diferentes. E, para coroar essa ‘política de gestão de recursos humanos’, diante do índice inflacionário de 10,57%, oferecem 4% em março, 2% em janeiro de 2023 e um abono de 30%.
Para os professores de EaD, a situação é até pior. “Vendem” conteúdo e imagem por valores irrisórios, ‘pra sempre’, e são obrigados a se responsabilizar por até 2 mil alunos por módulo que, por sua vez, interagem com tutores – denominação que o CNE e o MEC inventaram para caracterizar ‘docentes sem direito’. É a pior situação; a ‘carteira verde-amarela’ desse governo, por exemplo, foi barrada no Congresso, mas é utilizada no ensino superior para os tutores.
O patronal, na negociação desta quarta, ficou alí, só chorando, e sem se manifestar pelas nossas propostas. Não querem negociar a sério? É só enrolação – oferecem um pouquinho agora, um pouco mais depois? Não, não vamos cair nessa.
Mobilização agora – Já fizemos nossas assembleias. Todas foram unanimes: 4%+2% é uma proposta inaceitável!
Recusamos esse insulto. Isso não é proposta séria! ‘Eles’ não sabem fazer planejamento? Então planejem seus próximos anos, aceitem acordos de dois, três anos.
Mas isso só vem com a nossa mobilização!
Aos professores e auxiliares, os sindicatos recomendam atenção: a qualquer momento professores e auxiliares de administração poderão ser convocados para deliberar ou organizar novas formas de mobilização. Acompanhe as notas do sindicato pelas redes sociais, procure o diretor do seu sindicato, converse com seus colegas. A luta é pelo nosso trabalho, nosso salário, nossa união!